sábado, 2 de agosto de 2008

Capítulo VII - A entrega da mensagem

Realmente entrar em uma casa sem ser convidado não agrada em nada e foi o que literalmente fizemos, aparecemos no meio do salão principal da Ordem de Civits sem qualquer aviso prévio. A ação imediata após o susto dos druidas que lá estavam foi cercar-nos e apontar-nos seus cajados de forma não muito amistosa.
Nós quatro ficamos quietos, procurei ver se o Mestre Haldamir estava por perto. Não demorou muito tempo e ele veio em passos largos e uma expressão não muito contente no rosto, parou a nossa frente e perguntou:


_O que pensas estar fazendo Naldus? Como entras assim em nossa casa? E ainda fazendo uso de Magia Arcana? Só os discípulos de Mab sabem se transportar dessa maneira absurda!
_Desculpe-me Mestre, mas o motivo por minha indelicadeza é maior que qualquer protocolo. _ Disse, quase sem jeito. _ Venho entregar uma mensagem de Viviane, infelizmente o Pombo que mandamos endereçado ao senhor não chegou e como a mensagem é urgente, achamos uma maneira de entregá-la, mesmo sendo tão grosseira...


Um ar de indagação percorreu-lhe a face. Vendo isso estendi minha mão com o papiro lacrado com o selo. Mestre Haldamir o pegou e com um aceno de cabeça ordenou que os outros druidas baixassem seus cajados. Ele leu o papiro que logo em seguida se queimou enquanto era solto pelo mestre, se consumindo antes mesmo de tocar o chão do salão.


_O que quereis que façamos? _ Perguntou o mestre com um tom um tanto soberbo.
Havia me esquecido de como um elfo do norte poderia ser arrogante. Não viam os humanos como irmão, ao menos não demonstravam, se quer tentavam entende-los. Achavam que por serem mortais estavam fadados a tolices inadimicíveis, como combater seus semelhantes por motivos mais fúteis possíveis e ao que me pareceu, a mensagem de Viviane não pareceu abalar esse sentimento muito claro em Mestre Haldamir.


_Não viemos pedir-lhes nada, Mestre, Apenas entregar a mensagem. _Disse isso em tom firme, não demonstrando meu desapontamento, afinal não se tratava apenas de uma guerra humana como tantas outras que acabavam nos afetando, era o desdobramento da profecia de 325, Mab tentava se impor como deusa da Ilha, Uter trazia consigo a Cruz do Ungido, Viviane nos alertava para o que viria a acontecer...


_Só mais umas palavras, visto que já quebrei o protocolo entrando sem ser convidado e como o senhor mesmo disse, usando uma Magia de conhecimento dos discípulos de Mab. _Continuei, mesmo aos olhares curiosos de Paussin e os outros. _ O Senhor tem o conhecimento da Profecia de 325, portanto sabe que é inevitável o domínio do ungido sobre nossa ilha, Viviane nos diz que o inicio dessa nova era é agora, infelizmente com essa guerra humana. Como nos foi ensinado, O mal é necessário, mas ai daquele que o fizer! Não queremos que o senhor entre em uma guerra humana, mas que apenas defenda os interesses de nosso povo, de Viviane e do Altíssimo, o senhor tem duas opções, se abster ou participar! O problema de se abster é que pode ser considerado como apologia aos interesses de Mab, mas eu não posso julgá-lo, isso fará o Ungido, no dia que o senhor estiver frente a frente com ele!

Percebi que Paussin me olhava um tanto assustado. O mestre me olhava fixamente e eu continuei:
_Encontrei Merlin em Vernes, Ele é um jovem mago que decidiu deixar de servir a Mab e se pos aos serviços de Viviane. Ele que me deu o Papiro com a magia de transporte. Merlin também me disse que Viviane pretende entregar Excalibur a Uter...

Deixei de ser o único a falar, meu monólogo foi quebrado com burburinhos e expressões de surpresa. Excalibur é a espada mais poderosa sobre nosso mundo. Lendas dizem que ela foi forjada para o Arcanjo Hamariel auxiliar Miguel a derrotar o portador da luz e os caídos. Após a Derrota do Portador da Luz, Hamariel teria entregue Excalibur para Viviane que a guardaria até o aparecimento do escolhido. As lendas param nessa passagem, ninguém nunca tinha visto Excalibur e os Druidas que Viviane brinda com suas aparições nunca perguntaram diretamente sobre a lendária espada, assim como ninguém sabe se o escolhido seria humano ou elfo.

_Um humano e sofiense? Viviane entregaria uma espada celestial para um humano e extrangeiro? _Disse em tom irônico, Mestre Haldamir.
_Como o senhor mesmo disse, a Espada é celestial e não Celta, assim como não pertence a Viviane, ela só a guarda. O Altíssimo decidiu o futuro da espada e como o ungido dissera: “Quem vive pela espada morrerá por ela!” Uter receberá Excalibur, a escolha não é nossa e não nos cabe julgar! A mensagem já foi entregue, senhor, precisamos voltar a Haendelle e informar Mestre Hotinin da conclusão de nossa missão!

Ainda percebi o olhos castanhos de Paussim a me mirar. O mestre Druida não disfarçou seu descontentamento em ter de me dar razão sobre o que eu havia dito, acenou com a cabeça para um druida próximo que o trouxe papiro pena e tinta. Escreveu rapiidamente sobre o papiro, apoiado na coluna mais próxima a nós, enrolou e lacrou derretendo um pouco de cera em uma tocha que estava ao lado para logo estampar o selo de Viviane. Entregou-me o papiro e disse:
_Está entregue! Daqui a 5 dias nos reuniremos em Haendelle, Se só faltava Civitis receber a mensagem, então todos as outras cidades já devem mandar seus representantes. Como manda o protocolo, após uma mensagem urgente, há uma reunião na cidade de origem da mensagem, diga a Hotinin que estarei lá!
_Obrigado! _Respondi sem querer me alongar apenas me despedi. _ Namárië!
_Namárië! _ Todos no salão responderam.

Peguei o papiro que Merlin havia me dado, li novamente suas palavras e mais uma vez a luz azulada nos envolveu. No segundo seguinte estávamos no pátio de nossa ordem e para nossa surpresa, debaixo de uma árvore, sentado à sombra estava Mestre Hotinin acompanhado de Merlin. Os dois olhavam em nossa direção fomos ao encontro deles
_Aiya! _ dissemos.
_Aiya! _ disse-nos o Mestre
_Oi _ disse-nos Merlin

Entreguei o rolo de papiro para o mestre e enrolei o papiro encantado que começou a queimar. Larguei-o e ele queimou antes de tocar o chão.

_Esperávamos a vossa chegada. _disse o Mestre com um sorriso. _ Merlin chegou a pouco e contou-me sobre o vosso encontro em Vernes.
O mestre desenrolou o papiro e depois de ler e deixa-lo queimar olhou-nos e disse:
_Temos 5 dias.
Merlim olhou para o mestre e disse:
_Uter não decidirá essa batalha em 5 dias, também não a perderá nesse espaço de tempo, tudo segue como deveria seguir, agora só nos resta aguardar a reunião, mesmo que eu não seja bem-vindo...
_Merlin, tu estás em nossa casa, serás sempre bem-vindo, aqui é Haendelle, onde todos os irmãos, sejam elfos ou humanos são bem-vindos! _ Disse isso a Merlin sorrindo.
Paussim se aproximou do Mestre e disse:
_Senhor, permissão para dar a missão como cumprida, senhor!
_Concedida, todavia não voltareis ao forte antes de comer algo!

Um sorriso apareceu nos rostos dos soldados e no meu também, correu um dia inteiro e nada havíamos comido. Fomos para dentro da sede da ordem e na minha cabeça, entre batatas e saladas, pensava também sobre como se daria a reunião dali a 5 dias...
(continua)

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