sábado, 2 de agosto de 2008

Capítulo V - Viagem à Vernes

O barco corria sobre as águas do rio. Não me sentia cansado ainda, então observava atento cada ruído nas margens. Paussin levantou da proa e sentou-se ao meu lado.



_Lenwo Yondo-Calmcacil! _ Falou com uma voz Grave meu nome, imitando um professor que sempre percebia quando nos dispersávamos.
_Hahahaha! Parece que foi ontem, creio que também faz muito tempo que não me chamam pelo nome completo! E a ti, Paussin Yondo-Calion?
__Hahaha! A mim sempre chamam, ou esqueces que como soldado não me fazem esquecer o nome completo? Acho que é o silêncio da noite. Acabei de me lembrar de quando discutíamos as formações dos nomes. Lembra quando tentávamos montar paralelos com nomes humanos?
_Sim e no final a gente não chegava à conclusão nenhuma, não sabíamos se a mania de Yondo ou filho de, era Elfica ou humana, todavia, me parece pomposo, como muitos anciões fora do templo gostam de ser, hehehehehe!
_Isso me faz pensar no Burgo-mestre Rauthar, quando se apresenta: Rauthar Yondo-Rauthar! Não entendo como um pai dá o mesmo nome para o filho! Hahahaha!
_Deve ser uma tentativa de imortalizar o nome, no final, sempre lembrarão de algum Rauthar, já não bastacem a longevidade de nossos semelhantes! Mas diga, Papai... E a sua filha? Vanimë deve estar uma moça? A ultima vez que te visitei ela estava quase da altura da Alassë!
_Sim, está e quando a vejo percebo como o tempo passa, irônico para um elfo, todavia é verdade... ela tem demonstrado interesse no druinato, mas ainda é cedo pra encorajar algo! _ Diz Paussin com um sorriso.
_Não sei não, lembro-me dela com um bastão nas mãos, girava-o com uma habilidade de um verdadeiro guerreiro e depois de derrubar o adversário, nos jogos estudantis, saia da arena com a graça idêntica à da mãe!
_Verdade... A única menina nos jogos de luta e eu, que tentei fazê-la mudar de idéia, pensei que poderia se machucar, que tolo, derrotou os quatro meninos que competiam com ela!
_Claro, herdou isso de ti! Hahahaha.
_Hahaha! Pois é, mas até hoje só não derrotei a ti com um bastão! Então, quem sabe se um dia tiveres filhos, algum entre para a tropa também!
_Se tal dia chegar, saberei que o pequeno estará em boas mãos!



Conversamos mais algumas banalidades e a uma certa hora decidimos aquietarmos, porém, antes de dormir, peguei-me pensando em nomes, qual a um enigma, um quebra-cabeças, como os que jogava com Paussin depois das aulas com os escribas... Lenwo Yondo-Calmcacil... Meu nome em nosso idioma... Pensava em meu nome e de como passei a me chamar Naldus filho de Calmcacil em conseqüência do Druinato. “Tereis nomes em língua comum, para que podeis ser conhecidos entre os humanos!” Ecoava a voz de Mestre Hortinin no salão principal na cerimônia de ordenação. Muitos de nós acabam usando os nomes em língua comum, quando em convívio com os humanos, outros não. Os Druidas transcrevem seus primeiros nomes para o celtilês, mas sempre me perguntava, o nome do pai, continua no nosso idioma? “Quando o pai tiver um nome trasncrito, trasncrevesse os dois, irmão Naldus!” Mestre Hortinin me disse enquanto entregava a transcrição do meu nome... É... E o barco desce o rio em direção a Vernes.

Senti como que um baque e acordei assustado, era Paussin me acordando, o sol estava quase saindo.
_ Lenwo, estamos próximo a Vernes e escutamos ruídos estranhos, acho que a guerra chegou até aqui!_ Falou apressadamente e em tom meio baixo, enquanto remava junto com os outros dois soldados.
_Senhor, tem uma fumaça depois da próxima curva!_ alertava Morn, o soldado que remava a direita.
_Aguardamos ordens, Senhor!_ Ouvi Pityo falar a Paussin.
_Continuemos, mas fiquemos alertas, talvez sejamos importunados em breve!
Peguei meu remo e segui ajudando. Contornamos a parte sinuosa do rio. Havia um grupo de homens, uns seis eu pude contar, estavam à margem direita, próximos a uma prainha. Usavam armaduras sofienses e rodeavam uma fogueira.

Um deles nos avistou e chamou os outros:
_Viajantes nativos!_ bradou o soldado que nos viu, no idioma Sofiense.
Todos se levantaram. Um soldado com a armadura mais adornada e com símbolos que reconheci sendo de alguma patente elevada, gritou:
_Aproximem-se, viajantes!



Morn e Pityo viraram sutilmente para Paussin que só respondeu um quase inaldível sim.
Remamos até a praia e descemos, percebemos as mãos dos soldados sobre o punho das espadas curtas que pendiam dos cintos.
_O que fazem por aqui? Acaso não sabem que há uma guerra nesse território?
_Sabemos, senhor! _ Disse Paussin calmamente. _ Apenas precisamos de provisões e Vernes é a cidade mais próxima da nossa, precisamos ir até lá, sabemos que a cidade têm grandes silos e abastece a vizinhança.
_Não me importa se passarão fome, voltem imediatamente! _ Bradou o humano em tom ameaçador.
_Sinto muito, senhor, mas não posso voltar a minha cidade sem cumprir o meu dever. _ Meu amigo respondeu ainda calmo.
_Estás surdo homem?_ O soldado desembainha a espada. _ Acredita que passará daqui até Vernes?
_Mantenha a calma, Senhor, não queremos machucá-los... _ Paussin disse isso e percebi o movimento sutil das mãos dele e dos outros colegas por dentro do manto pesado, certamente seguravam as espadas. Vendo isso, segurei com mais firmeza o meu cajado.
_Machucar-nos? Vais engolir isso, magrelo!



Espadas foram desembainhadas, o som do aço ecoou pela floresta, me vi com meus amigos rodeado por seis soldados. “São elfos” escutei um deles dizer e invoquei Escudo da fé sobre meu amigos. Um tom azulado com faíscas verdes ficou ao nosso redor. Os soldados sofienses hesitaram por um momento.



_Não queremos machuca-los! Apenas deixe-nos seguir viagem! _Adivertiu Paussin com sua Espada em punho.
_Ataquem! _ Bradou o Soldado!



Os sofienses partem para cima de nós, Paussin luta com o líder e mais um e Morn também se encarrega de lutar com dois, eu e Pityo ficamos com os demais.
Aparando os golpes do soldado com o cajado percebo que o homem fica mais nervoso ao perceber que não parecia ser fácil nos atingir e em meio a essa ação Brado “Despedace” lançando o encanto sobre a espada do guerreiro a minha frente.
Ele se assusta em ver apenas o cabo em sua mão, tempo suficiente para eu derruba-lo com meu cajado, nocautea-lo e em seguida, ir ajudar os demais.
Invoco Explosão Sonora sobre os dois que atacam Morn que caem ao chão com as mãos tapando os ouvidos depois do estrondo que os atira a 2m de onde estavam no meio da neve. Pityo desarma seu oponente enquanto cercamos os soldados que atacavam Paussin, um deles já desarmado.



_Será que agora poderíamos continuar nossa viagem? _Meu amigo pergunta ao líder que parece não acreditar que seus companheiros não podem mais lutar. O soldado larga a espada curta e diz:
_Podem ir, Creio que se quisessem matar-nos, já o teriam feito!
_Obrigado, sábio soldado, espero que não tenhamos machucado algum de vós!_Responde Paussin se dirigindo ao barco andando de costas, fitando o soldado sofiense enquanto embarcamos novamente.
Antes de seguirmos remando Paussim olha para o líder e diz:
_Namárië, Bom soldado! Adeus!
Descemos o rio, agora faltam apenas algumas jardas para chegarmos a Vernes...


(Continua)

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